A luta da chamada "geração rasca"!

Eu sou da geração que chegava da escola a casa e minha mãe estava sempre lá. Abria a porta e toda a minha casa emanava um perfume de lar na sua essência. Um cheiro a comida acabada de fazer e, quase sempre a minha preferida, a minha mãe que era da geração de Salazar, cresceu com os valores certos. A minha mãe nunca dizia que estava cansada ou stressada, nunca andava a correr contra relógio para tratar dos filhos, casa ou emprego. Minha mãe tinha a 4 classe tirada na aldeia e, era tão feliz!
Entretanto eu cresci, formei me, casei, tive filhos e como tantos da minha geração, separei me. Sozinha com 2 filhos e pertencendo à chamada "geração rasca" nunca estou em casa quando os meus filhos chegam, as refeições são sempre a despachar e ando quase sempre cansada, stressada e em conta relógio!  Como tantos da minha geração, necessito de dois empregos para poder dar aos meus filhos o que eles necessitam. Como tenho dois empregos, o governo acha que ganho muito. Como tal, não recebo qualquer apoio financeiro do estado para a educação e saúde dos meus filhos. Recentemente o meu filho mais novo foi diagnosticado com hiperatividade e dislexia,  a escola pública não tinha estrutura para crianças especiais e foi me "aconselhado" a procurar outro projeto. A solução passou por um colégio privado. O acompanhamento médico para o meu filho era demasiado demorado na rede pública, a solução foi irmos para a saúde privada. Tudo isto paga se e bem por isso tenho dois empregos... E o meu governo continua a dizer que não preciso de ajuda. Depois de me matar a trabalhar para fazer face às necessidades dos meus filhos, vejo mensalmente uma boa fatia dos meus ordenados irem para impostos e percebo que parte deles são para ajudar minorias e refugiados. Mas eu, cidadã portuguesa, com um filho com necessidades educativas especiais, continuo a não precisar de ajuda!
Sou nacionalista e digo o muitas vezes aos meus filhos que não existe país como Portugal, mas este Portugal da minha geração deixa me triste e preocupa me como estará quando meus filhos estiverem no meu lugar e eu for uma idosa com uma reforma de poucos euros e meus filhos numa precariedade profissional com toda a certeza a serem explorados por uma empresa qualquer de trabalho temporário.
Caminhamos para o abismo e chegou a hora de lutarmos para a mudança porque estou cansada, stressada e ando sempre em contra relógio!

És é uma grande mulher!!! Tens da minha parte toda a admiração e carinho. Vale o que vale...mas quando não baixamos os braços, e quando lutamos até às ultimas consequências é mesmo para que portuguesas como tu, possam ter uma vida..e não serem escravas do trabalho.
Força Rute!!!

Como concordo contigo minha querida..
Como me identifico...
Tambem eu tenho saudades de ter , não a minha mãe  , (não quero comentar esta parte) , mas sim a minha querida avó ... sempre com uma cara de felicidade por me receber e mr deixar brincar na banheira cheia de água para brincar com as bonecas ... foste muito cedo minha querida avó.. saudades.. se hoje fosses viva não teria falhado tanto 
E sim também eu sozinha com duas filhas... aliás cada tiro cada melro   mas.. é assim...
Fui a melhor mãe que pude ser, apesar de tantos erros que cometi,  e dos quais não posso voltar atrás... fiz o melhor que deveria ter feito... 
Claro que as coisas mudaram, a minha vida mudou e vejo-me a braços com despesas,  que muitas vezes dou a volta para que nada lhes falte.  
Não sou a tipica mãe que aceita tudo de ânimo leve,  exemplo assumo os erros das minhas filhas e o que são,  sei bem distinguir o bem do mal... e infelizmente a mais velha decidiu nem trabalhar nem estudar... sério??? Pois foi viver com a avó porque não aceito este tipo de atitudes... agora anda à espera de um curso kkk  sabem o que me custa?? O que me dói?? A minha filha tem uma inteligência superior à normal... pois "fritou a pipoca" e deu para o mal... tem 19 anos... pois é...  para mim ela faz parte da "nossa geração ".. passa a noite no pc e acorda as duas da tarde... mas é minha filha... o amor é igual... simplesmente não aceito... 
A mais novinha,  com um feitio,  parece muitas vezes "possuída "... igual ao da mãe... muito espevitada... muito dona de si... muito ela....
Duas filhas de pais diferentes... e que NUNCA DERAM NADA DE NADA, mesmo estando em tribunal... e que faz a justiça?? NADA... 
Incrivel... de abono recebo 27,71€... e desconto tanto...
Sim porque ganhei uma vida... porque fiz por isso..

E agora pergunto... também eu não tenho tempo para as minhas filhas  tambem não estou em casa quando elaa chegam, também não estou presente em muitas atividades,  será por isso que a minha mais velha se revoltou??? Será que foi por isso que mais nova é tão inquieta e ansiosa???
Será culpa minha ou do estado .. onde tenho que trabalhar para ter uma vida mais ou menos digna????
E sim... tenho muito medo , não é de envelhecer,  de ficar com mais rugas...  o meu maior medo é,  perante esta sociedade , não estar presente para elas....
Filhos não são nossa propriedade... mas são sangue do nosso sangue,  carne da nossa carne...
Desculpem me minhas filhas quando errei , quando não estive presente... 
Por isso, neste momento luto para que Portugal dê uma volta e que caso não cá esteja, vocês consigam vencer este sistema que nos corrói 

Amo-vos até ao fim do planeta terra 

Rute estou aqui se precisares... sabes disso...
E a vocês minha FAMILIA
.. no que precisarem

Obrigada meus queridos pelas vossas palavras. Tenho saúde e com um bocado de organização até se arranja tempo para um terceiro emprego se o acompanhamento da educação e saúde dos meus filhos depender disso.
Never surrender!

Rute escreveu:Obrigada meus queridos pelas vossas palavras. Tenho saúde e com um bocado de organização até se arranja tempo para um terceiro emprego se o acompanhamento da educação e saúde dos meus filhos depender disso.
Never surrender!

Surrender???
Never ... jamais.....
Tudo se consegue quando queremos e orgulho em ti minha linda. . És enorme....

Rute, não a conheço mas já a admiro muito!
E por conhecer tantos casos semelhantes ao seu é que luto diariamente pelos NOSsos direitos, NOS somos Portugal, NOS somos a nação, NOS é que formamos parte da história, por isso NOS mais que ninguém merecemos ser ajudados!
Muito orgulho em si!
Continue com essa garra!
Muita forca!

Também sempre cheguei a casa e la estava a minha mãe e o meu pai  sempre presentes, sempre me ajudaram nos trabalhos de casa e a estudar a matéria... sempre me injectaram valores, que hoje em dia estão associados a dinheiro,porque poucos são os que conhecem os valores verdadeiros ... e acham que "valores" é tudo ligado ao material... Sou do tempo em que a rigidez na educação fazia parte de cada segundo do meu dia a dia  e em que o chinelo e a colher de pau,nao eram substituídos por psicólogos!
Sou mãe solteira, trabalho imensas horas em horários rotativos  "atiro" o menino para a cama, "puxo-o" por um pé para a escola, "engole" o pequeno-almoço no carro e... repeat... todos os dias são assim, porque esta é a geração que chamam de rasca quando eu digo que nos vemos é à rasca para ser trabalhar, ser mães,  mulheres e filhas... pois as 24h que nos dão por dia não nos chegam para as nossas funções todas...
Eu peço tempo, tempo para viver ao lado do meu filho, do meu pai, do meu namorado, tempo para ajudar o meu filho crescer,tempo para ajudar o meu pai na velhice e ele sentir que estou lá!
O Governo quase nos obriga a "abandonar" os nossos filhos e os nossos pais pela indisponibilidade que temos e pelo excesso de ausência que lhes damos!
NOS somos as Rutes, as Marys, as Andreias, as Lilianas, as Raqueis, as Helenas, as Lurdes, etc que se recusam a baixar os braços mesmo sabendo como é duro!

FORÇA A NOS

Tempos diferentes onde a grande parte vivia da terra, onde a dita moeda não tinha o peso que tem... Tempos em que as mulheres somente eram mães, poucas trabalhavam fora de casa ou das suas terras.
A mulher de hoje a todo o custo quis a igualdade (correcto e merecido) mas no fim não estamos iguais, porque ser mãe, dona de casa e trabalhadora.... É um grande esforço e no fundo quem paga são as crianças porque têm tudo mas não têm o principal (presença da mãe)
Eu não sou mãe e com o coração aberto digo vos que para mim vocês são umas guerreiras e so pelo facto de lutarem tanto o estado deveria dar um subsídio para vocês puderem estar mais tempo com os vossos filhos.
Mas não.... Da subsídios a quem não quer trabalhar, a quem passa os dias no café e aos supostos inválidos
Quem trabalha de solo a solo não precisa de nada
Deus dá as piores batalhas as maiores guerreiras

Um texto que só mostra a qualidade de mulher,e que me fez comover um bocado (o que não é normal)…
É um enorme orgulho que tenho de conhecer mulheres assim,como a Raquel M. referiu,todas,e ainda mais umas que faltam.
E temos que deixar um futuro melhor para os nossos filhos.
Como costumo dizer sempre…
Nunca capitularemos!
Contra tudo e todos!

Tenho grande admiração por ti Rute e pelas outras maes portuguesas.