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São Vivente, o padroeiro Lisboa

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São Vivente, o padroeiro  Lisboa  Empty São Vivente, o padroeiro Lisboa

Mensagem por Tex Qua Mar 20, 2019 3:14 am

São Vicente, o padroeiro esquecido de Lisboa

São Vivente, o padroeiro  Lisboa  20120710


Apesar de ser o santo patrono da diocese de Lisboa, o mártir Vicente vive hoje na sombra do mais popular Santo António.



A devoção das gentes da península ibérica a São Vicente é muito antiga. O mártir era originário de Saragoça, onde foi ordenado diácono no século III. Numa das perseguições aos cristãos, tão habituais nessa altura, foi aprisionado e sujeito a terríveis torturas, resistindo sempre com grandes demonstrações de fé.

A ligação aos corvos, ainda um elemento sempre presente na iconografia, começa com a sua morte, no ano 304, às mãos do governador Daciano, na era do imperador Diocleciano. Lançado aos abutres, o seu cadáver foi protegido por um corvo. Então Daciano mandou lançá-lo ao mar, mas as marés trouxeram-no de volta e uma viúva piedosa sepultou-o junto aos muros da cidade de Valência.

A chegada ao território português dá-se séculos mais tarde, já o seu culto se tinha tornado muito popular em toda a região ibérica, muito por influência de sermões escritos sobre ele por Santo Agostinho.

Quando os mouros mandaram transformar todas as igrejas em mesquitas os cristãos de Valência quiseram salvar as relíquias de São Vicente, por cima das quais tinha sido construída uma capela.



Embarcaram em direcção ao Algarve, tendo acabado por naufragar no Promontório Sacro, hoje o Cabo de São Vicente. Ali o cadáver foi novamente enterrado, erguendo-se uma igreja e uma aldeia cristã à sua volta.

Crispim, o primeiro padroeiro

Em 1147 D. Afonso Henriques toma a cidade de Lisboa, no dia de São Crispim. A data levou a que São Crispim fosse declarado padroeiro da cidade. Contudo, a devoção a São Vicente já era generalizada, especialmente entre os cristãos moçárabes, que convenceram D. Afonso Henriques a encontrar e trazer para a capital as suas relíquias.

O actual Deão do Cabido da Sé de Lisboa, Cónego Manuel Alves Lourenço, explica que “O facto de haver relíquias, enquanto de S. Crispim só havia a memória, fez com que o São Vicente superasse e fizesse esquecer na prática S. Crispim, embora até D. Afonso V se continue a chamar atenção, fazer a procissão, mas foi-se perdendo e ficou S. Vicente, naturalmente, padroeiro da cidade e da diocese de Lisboa.”

Eis que, logo no século seguinte, aparece o Santo António. Embora tenha morrido em Itália, foi com naturalidade que em Lisboa, a cidade onde nasceu, crescesse a devoção a este santo, verdadeiramente popular, em todos os sentidos da palavra: “O nosso Santo António é um fenómeno de devoção mundial. Vamos a qualquer parte do mundo e encontramos uma imagem de Santo António”, explica o Cónego Lourenço.


Esta reacção popular levou a que os dois santos partilhassem, durante alguns tempos, a responsabilidade de proteger a cidade: “Então ficaram os dois, Santo António com um cariz mais popular e São Vicente com um cariz mais aristocrático. Mantiveram-se assim as duas celebrações. Quando a Igreja determinou, mais recentemente, que só houvesse um padroeiro principal, então aqui na diocese optou-se por manter, na Cidade de Lisboa o Santo António, e para a diocese, São Vicente. É uma norma de ordem litúrgica, porque na prática a Câmara Municipal ficou sempre ligada a São Vicente, que está nas armas da cidade, e o presidente da Câmara costuma ir à Sé no dia de São Vicente, da mesma forma que, desde que se restaurou, costuma também ir à procissão de Santo António”, explica o Deão do Cabido da Sé.
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