As crianças podem mesmo beber leite?
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As crianças podem mesmo beber leite?
Controvérsia. São tantas as informações contraditórias sobre os malefícios e benefícios do leite que os pais já não sabem se devem dar laticínios aos filhos.
Quem nunca se perguntou se os iogurtes, o leite ou o queijo não desaparecem demasiado depressa do frigorífico quando os filhos chegam a casa esfomeados depois das aulas? E quantos pais não estarão perdidos perante o fogo cruzado de opiniões contraditórias sobre os benefícios e os malefícios do leite? Afinal, devemos ou não incentivar as crianças e os jovens a consumir laticínios?
Para esclarecer todas estas questões, o Expresso começou por bater à porta da Comissão de Nutrição da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Esta defende que “o leite é um excelente alimento, não sendo aceitáveis campanhas contra a sua utilização tendo por base argumentos não fundamentados cientificamente”.
Em causa está um alimento completo, rico em proteínas de alto valor biológico, hidratos de carbono, lípidos, vitaminas e minerais, particularmente cálcio, “sendo por isso de grande importância nutricional ao longo de todo o ciclo de vida e muito particularmente ao longo dos períodos de aceleração de crescimento a partir da idade pré-escolar, com destaque para o período da adolescência, fase da vida em que aumentam as necessidades em todos os nutrientes”.
Leitinho à noite é que não
Por parte da Ordem dos Médicos Dentistas, o presidente da mesa do conselho geral e professor universitário, Paulo Ribeiro de Melo, acrescenta que não é só o leite materno a ter várias propriedades antibacterianas. “Sem dúvida que o leite de vaca protege e não faz mal à saúde oral. O efeito protetor do leite para evitar o aparecimento de cárie dentária é muito importante nas crianças e nos jovens, principalmente para os dentes de ‘leite’ e para os dentes permanentes que nascem até aos 12-14 anos”.
“Falamos de osteoporose após os 50, mas, em boa verdade, a massa óssea constrói-se até aos 18 a 20 anos. A adolescência é um período muito importante uma vez que se regista um incremento de 60% do seu valor. O que não for feito até essa idade... nunca mais será!”, alerta Carla Rêgo, coordenadora do Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento Infantil e presidente do Grupo Nacional de Estudo e Investigação em Obesidade Pediátrica.
Esta pediatra explica que as crianças podem consumir até 400 a 500 mililitros de produtos lácteos por dia e os adolescentes 500 a 600 mililitros. Mas atenção: o leite é um alimento e não deve ser usado como uma bebida. Deve ser fracionado em snacks duas a três vezes por dia. Por exemplo, um copo de 125 mililitros de leite, um iogurte ou uma fatia de queijo de cada vez.
“Não se consegue ir buscar cálcio e vitamina D a mais nenhum outro alimento na concentração que existe no leite e derivados. É por isso que a sua eliminação da dieta poderá comprometer irreversivelmente a massa óssea. Os vegetais têm cálcio, mas para obter a concentração de um iogurte, teriam de se ingerir 600 gramas de brócolos já que o cálcio dos vegetais é menos biodisponível do que o do leite”, explica a pediatra.
Daí que esta professora das Faculdades de Medicina da Universidade do Porto e da Universidade Católica Portuguesa considere não haver qualquer problema quando o leite tem algum cacau ou cevada para convencer a criança a ingeri-lo: “Modere-se a quantidade de leite oferecido e regrem-se os outros hábitos!”. É o caso dos sumos, refrigerantes, doces, sobremesas…
Tal como os outros alimentos, os laticínios devem é ser consumidos com conta, peso e medida. “A ingestão de volumes demasiado elevados de leite (superiores a 500 mililitros/dia) ou a persistência do biberão da noite (o leitinho à ida para a cama), a partir dos 12 meses, são dois fatores associados ao maior risco de obesidade em idade pediátrica”. Aliás, “é devido a este efeito anabólico do leite que os atletas de competição o usam como refeição ‘pós-treino’, sendo uma excelente fonte de proteína de alto valor biológico”.
Alternativas vegetais
E quanto às crescentes bebidas de arroz, aveia, soja, etc.? A pediatra Carla Rêgo diz não haver qualquer problema para uma criança se ela gostar, ocasionalmente, de beber bebidas vegetais. Mas esclarece: não se trata de leites, mas de “sumos” vegetais. Neste contexto, há três regras a cumprir no seu consumo pelos mais novos. “Primeiro, nunca se deve usar bebidas vegetais abaixo dos três anos de idade. Segundo, não se deve assumir que elas substituem o leite. Terceiro, não se deve esquecer que têm elevado teor de açúcar e baixo valor energético e proteico, podendo comprometer o crescimento”.
A Comissão de Nutrição da Sociedade Portuguesa de Pediatria acrescenta que a dieta deve ser equilibrada e variada, respeitando a roda dos alimentos que inclui o leite e derivados: “Estes não devem ser substituídos na alimentação por bebidas vegetais, em geral desequilibradas e nutricionalmente mais pobres, nem por sumos habitualmente muito ricos em açúcares”.
Carla Rêgo deixa ainda um alerta aos jovens vegetarianos, sobretudo vegans: “A alimentação deve ser variada, incluindo alimentos de todos os grupos. A exclusão de alimentos de um grupo, como por exemplo o dos laticínios, pode implicar um compromisso nutricional para a vida, sobretudo em fase de crescimento e desenvolvimento, que nem sempre é compensado pelos suplementos de vitaminas e minerais”.
Quem nunca se perguntou se os iogurtes, o leite ou o queijo não desaparecem demasiado depressa do frigorífico quando os filhos chegam a casa esfomeados depois das aulas? E quantos pais não estarão perdidos perante o fogo cruzado de opiniões contraditórias sobre os benefícios e os malefícios do leite? Afinal, devemos ou não incentivar as crianças e os jovens a consumir laticínios?
Para esclarecer todas estas questões, o Expresso começou por bater à porta da Comissão de Nutrição da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Esta defende que “o leite é um excelente alimento, não sendo aceitáveis campanhas contra a sua utilização tendo por base argumentos não fundamentados cientificamente”.
Em causa está um alimento completo, rico em proteínas de alto valor biológico, hidratos de carbono, lípidos, vitaminas e minerais, particularmente cálcio, “sendo por isso de grande importância nutricional ao longo de todo o ciclo de vida e muito particularmente ao longo dos períodos de aceleração de crescimento a partir da idade pré-escolar, com destaque para o período da adolescência, fase da vida em que aumentam as necessidades em todos os nutrientes”.
Leitinho à noite é que não
Por parte da Ordem dos Médicos Dentistas, o presidente da mesa do conselho geral e professor universitário, Paulo Ribeiro de Melo, acrescenta que não é só o leite materno a ter várias propriedades antibacterianas. “Sem dúvida que o leite de vaca protege e não faz mal à saúde oral. O efeito protetor do leite para evitar o aparecimento de cárie dentária é muito importante nas crianças e nos jovens, principalmente para os dentes de ‘leite’ e para os dentes permanentes que nascem até aos 12-14 anos”.
“Falamos de osteoporose após os 50, mas, em boa verdade, a massa óssea constrói-se até aos 18 a 20 anos. A adolescência é um período muito importante uma vez que se regista um incremento de 60% do seu valor. O que não for feito até essa idade... nunca mais será!”, alerta Carla Rêgo, coordenadora do Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento Infantil e presidente do Grupo Nacional de Estudo e Investigação em Obesidade Pediátrica.
Esta pediatra explica que as crianças podem consumir até 400 a 500 mililitros de produtos lácteos por dia e os adolescentes 500 a 600 mililitros. Mas atenção: o leite é um alimento e não deve ser usado como uma bebida. Deve ser fracionado em snacks duas a três vezes por dia. Por exemplo, um copo de 125 mililitros de leite, um iogurte ou uma fatia de queijo de cada vez.
“Não se consegue ir buscar cálcio e vitamina D a mais nenhum outro alimento na concentração que existe no leite e derivados. É por isso que a sua eliminação da dieta poderá comprometer irreversivelmente a massa óssea. Os vegetais têm cálcio, mas para obter a concentração de um iogurte, teriam de se ingerir 600 gramas de brócolos já que o cálcio dos vegetais é menos biodisponível do que o do leite”, explica a pediatra.
Daí que esta professora das Faculdades de Medicina da Universidade do Porto e da Universidade Católica Portuguesa considere não haver qualquer problema quando o leite tem algum cacau ou cevada para convencer a criança a ingeri-lo: “Modere-se a quantidade de leite oferecido e regrem-se os outros hábitos!”. É o caso dos sumos, refrigerantes, doces, sobremesas…
Tal como os outros alimentos, os laticínios devem é ser consumidos com conta, peso e medida. “A ingestão de volumes demasiado elevados de leite (superiores a 500 mililitros/dia) ou a persistência do biberão da noite (o leitinho à ida para a cama), a partir dos 12 meses, são dois fatores associados ao maior risco de obesidade em idade pediátrica”. Aliás, “é devido a este efeito anabólico do leite que os atletas de competição o usam como refeição ‘pós-treino’, sendo uma excelente fonte de proteína de alto valor biológico”.
Alternativas vegetais
E quanto às crescentes bebidas de arroz, aveia, soja, etc.? A pediatra Carla Rêgo diz não haver qualquer problema para uma criança se ela gostar, ocasionalmente, de beber bebidas vegetais. Mas esclarece: não se trata de leites, mas de “sumos” vegetais. Neste contexto, há três regras a cumprir no seu consumo pelos mais novos. “Primeiro, nunca se deve usar bebidas vegetais abaixo dos três anos de idade. Segundo, não se deve assumir que elas substituem o leite. Terceiro, não se deve esquecer que têm elevado teor de açúcar e baixo valor energético e proteico, podendo comprometer o crescimento”.
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