Trabalhar muitas horas? Estamos prisioneiros da tecnologia
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Trabalhar muitas horas? Estamos prisioneiros da tecnologia
Trabalhar muitas horas não deve ser motivo de orgulho. A experiência, alertam os especialistas, já demonstrou os riscos desta prática.
Portugal teve de esperar até 1996 para que os trabalhadores vissem consagrada na lei a jornada semanal de 40 horas de trabalho hoje em vigor no sector privado (35 horas no Estado). Um direito que os americanos já tinham conquistado em 1935. A questão das datas, em si, é pouco relevante no atual contexto. Em Portugal, como noutros países, a fronteira entre a vida profissional e pessoal esbateu-se e os horários também.Estar permanentemente online, disponível para atender chamadas e responder a e-mails profissionais tornou-se a regra e não a exceção. Os especialistas em saúde mental não têm dúvidas de que nos tornámos “prisioneiros da tecnologia” e estamos a pagar um custo elevado. É um mito que longas horas de trabalho signifiquem maior produtividade, antes pelo contrário. A médio prazo conduzem a maior absentismo e a maiores encargos para as empresas.
A ciência documenta-o. Em 2016, o estudo “Exaustos mas Incapazes de Desligar”, conduzido por uma equipa de investigadores norte-americanos liderada por Liuba Belkin, da Universidade de Lehigh, aludia para elevados índices de stresse entre os profissionais americanos que confirmavam gastar, em média, oito horas por semana, além do horário laboral, a responder a e-mails. “Há um stresse e ansiedade constantes para responder a assuntos laborais fora do horário de trabalho, e isto está a levar os profissionais ao esgotamento”, concluíam.
O psiquiatra Pedro Afonso, autor do livro “Quando a Mente Adoece” e um dos especialistas mais interventivos no país na defesa dos limites entre a vida pessoal e profissional, corrobora. Há muito que o especialista defende que estamos perante um “endeusamento do trabalho” que não se traduz em maior produtividade, antes pelo contrário. Os casos de burnout e as doenças psíquicas estão a aumentar no mundo laboral e a fatura é pesada para as empresas.
O impacto desta “invasão” permanente do trabalho na esfera pessoal dos profissionais não se fica pela base da cadeia. As chefias são as primeiras a deixar de ter “vida própria”. No seu livro, o especialista defende que trabalhar muitas horas não deve ser motivo de orgulho para nenhum profissional e diz que é preciso confrontar quem delega com a sobrecarga de tarefas, exigir soluções e delimitar fronteiras.
Fonte: https://expresso.pt/economia/2019-06-01-Trabalhar-muitas-horas--Estamos-prisioneiros-da-tecnologia
Cmlobinho- Muito bom
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