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Protágoras – “O homem é a medida de todas as coisas”

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Protágoras – “O homem é a medida de todas as coisas” Empty Protágoras – “O homem é a medida de todas as coisas”

Mensagem por Raquel Machado Dom Jan 27, 2019 4:45 pm

Nascido em Abdera, Protágoras (481 – 402 a.C.) é considerado o pai do movimento sofístico e um dos seus mais importantes representantes. Esteve várias vezes em Atenas, onde teria alcançado grande fama e sucesso. Foi amigo de Péricles, que o teria incumbido de redigir uma constituição para a colônia ateniense de Turi. Compôs muitas obras, Raciocínios Demolidores, Antilogias, Sobre os deuses, Sobre o Ser e Grandes Discursos, das quais restaram apenas fragmentos.

O núcleo fundamental do pensamento de Protágoras é o seu relativismo ético e epistemológico expresso na seguinte afirmação: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são pelo que são, e das que não são pelo que não são ”. Esta proposição expressa um relativismo radical, pois significa a negação de que haja qualquer coisa que seja  verdadeira ou falsa, independentemente da sua relação com um determinado homem individual. Protágoras está negando a possibilidade de um critério universal que permita ao homem conhecer a verdade e separá-la do que é falso.

As coisas são tais como aparecem ao homem, entendido aqui na sua dimensão individual. O verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o bem e o mal são relativos e o outro termo desta relação somos nós, homens dotados de uma
individualidade e subjetividade irredutíveis.

Prosseguindo em seu relativismo, Protágoras ensinou em sua obra, Antilogias, aquilo que Aristóteles considerou como sendo a negação do princípio da não-contradição, ou seja, a verdade simultânea dos contraditórios em relação ao mesmo e a identidade do verdadeiro e do falso. O que Protágoras ensinava era o princípio das duplas razões contraditórias (antilogia), mostrando que para cada afirmação a respeito de algo é possível contrapor uma outra com a mesma aparência de verdade.

Isso significa que, não havendo uma verdade absoluta, mas só verdades relativas, é possível refutar qualquer afirmação ou negação sobre o que quer que seja, pois sempre é possível, por meio da habilidade retórica, construir um discurso que destrua aquilo que aparentava ser a verdade mais sólida. Essa é a única virtude (areté) a ser ensinada e possuída, e coincide com o mais útil.

A sua filosofia procurou tornar claro que não é possível uma fundamentação dos valores e princípios éticos. Como alternativa à busca dos valores absolutos e a sua aplicação no âmbito da vida pública, ele estipulou um critério de discriminação entre o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado e este critério é o da utilidade.

O sábio será aquele capaz de reconhecer aquilo que é o mais útil e, portanto, o melhor a um determinado sujeito individual, sem pretender que este útil determinado torne-se universal. Como exemplo, temos o médico que é capaz de prescrever o que é mais útil para um determinado doente ou mesmo para uma pessoa saudável, ou os agricultores que sabem o que é mais útil e melhor para a sua plantação. O político é sábio enquanto conhece o útil para a cidade e sabe como produzi-lo. Não é, obviamente, o que acontece no Brasil, onde a maioria dos políticos buscam o que é útil para eles mesmos. Então, Protágoras não consideraria os políticos brasileiros como sábios.

O seu critério não está baseado em uma suposta essência do que quer que seja, mas na avaliação das circunstâncias e peculiaridades que envolvem cada caso particular. Protágoras defende uma moral com base em convenções, em função da impossibilidade de uma fundamentação ética, mas não exclui a necessidade da busca do que é melhor em função de ser o mais útil.

A obra Sobre os Deuses teria causado ao filósofo grandes aborrecimentos, tendo sido inclusive condenado à morte em função do seu conteúdo ofensivo à religião. Esta informação não parece verídica, mas o certo é que Protágoras expressou um forte ceticismo em relação à possibilidade de um conhecimento acerca da existência dos deuses. A posição de Protágoras sobre este assunto não pode ser confundida com o ateísmo, pois expressa apenas a convicção de que a razão humana tem os seus limites e não pode ultrapassá-los.

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Raquel Machado
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