«Mais amor por favor! / Mais amor sem favor!»
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«Mais amor por favor! / Mais amor sem favor!»
E, realmente, amar sem favor é amar com todo o coração, com toda a alma, com todo o ser. Amar sem favor é amar deliberadamente, por vontade própria, como se amar fosse tão natural como respirar.
A e «Mais amor por favor!» encontra-se escrita em vários locais. Esta cruzou o meu caminho próximo do Campo Santana, em Lisboa. Por contraponto, a frase «Mais amor sem favor!», que é nitidamente uma resposta à frase anterior, foi encontrada pela Margarida, na zona do Campo das Cebolas.
Pedir «Mais amor por favor» é pedir delicadamente às pessoas que amem mais, que sejam mais gentis, que valorizem mais os outros. Mas, a frase «Mais amor sem favor» pede que as pessoas amem sem fazerem um favor, que sejam espontâneas, que não o façam por delicadeza ou educação, que amem sem ser a pedido.
E, realmente, amar sem favor é amar com todo o coração, com toda a alma, com todo o ser. Amar sem favor é amar deliberadamente, por vontade própria, como se amar fosse tão natural como respirar, ou, nas palavras de Herberto Helder, «De meu recente coração a vida inteira sobe».
O amor é efetivamente central na vida – o amor pelos outros e o amor-próprio. Gostarmos de nós mesmos é fundamental para nos aceitarmos como somos, com todas as nossas forças, fraquezas e qualidades. Muitas vezes, é difícil fazê-lo, porque nem sempre gostamos daquilo que dizemos, daquilo que sentimos, do que fazemos, da forma como atuamos ou como reagimos perante as situações que a vida nos coloca. Preferiríamos, por vezes, ter dito uma palavra de apoio, em vez de ter criticado, de termos estado junto dos nossos amigos quando de nós precisavam, em vez de andarmos a correr, perdidos no rumo dos dias, de termos sabido dizer «não» quando é mais fácil dizer «sim», de termos confiado mais em nós próprios e naquilo que, para nós, é mais verdadeiro, de termos sido mais fiéis ao que pensamos ou àquilo em que acreditamos, de não ter cedido à tentação de nos comportarmos como, na altura, pensámos que os outros esperariam que atuássemos.
Amarmo-nos a nós próprios é, muitas vezes, muito difícil. Vemos, demasiadas vezes, o que está mal, o que gostaríamos de mudar, aquilo com que não concordamos; olhamos para as nossas imperfeições com um julgamento demasiado crítico, sem condescendência nem complacência. Somos, por vezes, muito duros, connosco e com os outros. E enfrentamos a vida com alguma amargura, olhando mais para o que não temos ou não somos do que para aquilo que temos a sorte de possuir ou a felicidade de ser. E essa amargura instala-se lentamente no nosso coração, criando uma espécie de filtro que nos impede de ver a beleza que a vida encerra, e, por vezes, sentindo medo do amor, ou como diz Sophia: «Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo».
Importa, pois, amar mais e sem favor; sentir mais e sem reticências; abraçar mais, com o coração puro e a alma «lavada». E, sobretudo, valorizar o que temos, porque lutamos, muitas vezes, por ideais sem sentido, como se quiséssemos alcançar todo o ouro do mundo.
Maria Eugénia Leitão
Jornal Sol
A e «Mais amor por favor!» encontra-se escrita em vários locais. Esta cruzou o meu caminho próximo do Campo Santana, em Lisboa. Por contraponto, a frase «Mais amor sem favor!», que é nitidamente uma resposta à frase anterior, foi encontrada pela Margarida, na zona do Campo das Cebolas.
Pedir «Mais amor por favor» é pedir delicadamente às pessoas que amem mais, que sejam mais gentis, que valorizem mais os outros. Mas, a frase «Mais amor sem favor» pede que as pessoas amem sem fazerem um favor, que sejam espontâneas, que não o façam por delicadeza ou educação, que amem sem ser a pedido.
E, realmente, amar sem favor é amar com todo o coração, com toda a alma, com todo o ser. Amar sem favor é amar deliberadamente, por vontade própria, como se amar fosse tão natural como respirar, ou, nas palavras de Herberto Helder, «De meu recente coração a vida inteira sobe».
O amor é efetivamente central na vida – o amor pelos outros e o amor-próprio. Gostarmos de nós mesmos é fundamental para nos aceitarmos como somos, com todas as nossas forças, fraquezas e qualidades. Muitas vezes, é difícil fazê-lo, porque nem sempre gostamos daquilo que dizemos, daquilo que sentimos, do que fazemos, da forma como atuamos ou como reagimos perante as situações que a vida nos coloca. Preferiríamos, por vezes, ter dito uma palavra de apoio, em vez de ter criticado, de termos estado junto dos nossos amigos quando de nós precisavam, em vez de andarmos a correr, perdidos no rumo dos dias, de termos sabido dizer «não» quando é mais fácil dizer «sim», de termos confiado mais em nós próprios e naquilo que, para nós, é mais verdadeiro, de termos sido mais fiéis ao que pensamos ou àquilo em que acreditamos, de não ter cedido à tentação de nos comportarmos como, na altura, pensámos que os outros esperariam que atuássemos.
Amarmo-nos a nós próprios é, muitas vezes, muito difícil. Vemos, demasiadas vezes, o que está mal, o que gostaríamos de mudar, aquilo com que não concordamos; olhamos para as nossas imperfeições com um julgamento demasiado crítico, sem condescendência nem complacência. Somos, por vezes, muito duros, connosco e com os outros. E enfrentamos a vida com alguma amargura, olhando mais para o que não temos ou não somos do que para aquilo que temos a sorte de possuir ou a felicidade de ser. E essa amargura instala-se lentamente no nosso coração, criando uma espécie de filtro que nos impede de ver a beleza que a vida encerra, e, por vezes, sentindo medo do amor, ou como diz Sophia: «Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo».
Importa, pois, amar mais e sem favor; sentir mais e sem reticências; abraçar mais, com o coração puro e a alma «lavada». E, sobretudo, valorizar o que temos, porque lutamos, muitas vezes, por ideais sem sentido, como se quiséssemos alcançar todo o ouro do mundo.
Maria Eugénia Leitão
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