Amputação de mama saudável de uma mulher suspende médicos do São João por 10 e 21 dias

Cirurgia devia ter sido apenas reconstrutiva, mas Susana Tomé acabou por ficar sem a mama. Os dois médicos foram suspensos e a Ordem fala em "infracções graves" e "negligência".
Após ter sido diagnosticada com cancro na mama direita, Susana Tomé foi submetida a uma cirurgia reconstrutiva no Hospital de São João. Os médicos responsáveis pela cirurgia retiraram a mama saudável e foram suspensos pela Ordem dos Médicos, avança nesta quarta-feira o Jornal de Notícias. Álvaro Silva e José Luís Fogo, médicos no São João, foram suspensos por 10 e 21 dias, respetivamente. A decisão foi confirmada este mês pelo Conselho Superior da Ordem dos Médicos.
O caso remonta a 2016, mas tudo começou em 2009, quando Susana foi diagnosticada com um carcinoma invasivo na mama direita que acabou por ser removida. Anos depois, já curada da doença, quis reconstruir o peito. “Propuseram-me fazer mastectomia total, com reconstrução imediata, das duas mamas. Eu não quis, porque uma nunca tinha estado doente”, admitiu ao JN.


Apesar de não consentir na remoção total do peito, em 2016 acabou por avançar para uma “simetrização da mama esquerda, com eventual prótese de gel de silicone”. O procedimento acabou por não ser este já que, depois de acordar da anestesia, Susana reparou que lhe tinham sido retirados os dois seios.

Agora, nos próximos dias, Susana vai avançar com um processo cível contra os médicos no Tribunal Administrativo do Porto.

Segundo o JN, a Ordem dos Médicos apurou que o erro se deveu a uma “falha de comunicação” que acabou por dar origem a “infrações graves, praticadas com negligência grosseira”, cometidas pelos médicos responsáveis pela cirurgia.