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Milhares de jovens invadem as ruas em defesa do seu futuro. E “isto é só o começo”

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Milhares de jovens invadem as ruas em defesa do seu futuro. E “isto é só o começo” Empty Milhares de jovens invadem as ruas em defesa do seu futuro. E “isto é só o começo”

Mensagem por Barão Vermelho Sex Mar 15, 2019 10:13 am

Pela primeira vez em Portugal, os estudantes vão fazer uma greve por uma causa ambiental sob o lema #fazpeloclima. Esta sexta-feira são esperados milhares de jovens nas ruas de mais de 30 localidades portuguesas, de Bragança a Faro, passando por Porto, Coimbra ou Lisboa e até por Paço de Arcos. Querem aliar as suas vozes às dos mais de nove milhões de estudantes que se estima terem aderido à convocatória mundial #schoolstrike4climate e #fridaysforfuture. Pretendem garantir o direito a uma vida que não esteja ameaçada pelas alterações climáticas e pela inação de muitos governantes. Afinal, lembram, “a solução está nesta geração”
Entusiasmados, miúdos e miúdas pintam as letras em torno do globo azul desenhado no cartaz de metro e meio de largura. “Cuida do planeta como cuidas de ti” ou “nós queremos ter uma Terra para habitar” são algumas das palavras de ordem. Quem as escreve são alunos do quinto e sexto ano da escola básica Joaquim de Barros, em Paço de Arcos, em vésperas da Greve Climática Estudantil mundial, que se realiza esta sexta-feira.
O movimento #schoolstrike4climate contagiou jovens em todo o mundo e já se estende a mais de 30 vilas e cidades portuguesas e a muitas outras espalhadas por uma centena de países.
“Se as pessoas forem conscientes de que o mundo está a precisar de uma ajuda, veem que estes movimentos são importantes”, afirma convicto Wilson do alto dos seus 12 anos. “Se as pessoas não abrirem os olhos para estes problemas, não há evolução”, reforça a colega Leonor, de 11, enquanto pintam um planeta com um olhar triste perante o que lhe está a acontecer.
Os alunos desta escola do primeiro e segundo ciclos são demasiado novos para aderirem por iniciativa própria à primeira greve de estudantes pelo clima que se realiza em Portugal. Mas a carolice de alguns professores deu-lhes gás para também quererem fazer ouvir a sua voz. A ideia surgiu pela mão da professora de religião e moral e coordenadora do Clube de Ambiente da escola, Ana Charais, que arregimentou colegas para levar os cerca de 450 alunos numa “marcha solidária” com a greve climática estudantil até ao centro da vila.
Aliam assim a solidariedade com os estudantes mais crescidos — que se preparam para bater à porta da Assembleia da República, em Lisboa, ou de outras autoridades locais espalhadas pelo país — aos projetos curriculares que integram as temáticas ambientais e os objetivos do desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
A inspiração de Greta
Em Portugal, a adesão à greve climática estudantil começou a ganhar forma em janeiro pela mão de duas estudantes do 12º ano da escola secundária de Palmela, Matilde Alvim e Beatriz Barroso, que chegaram a pensar sentar-se na escadaria do Parlamento em protesto. Através das redes sociais, sobretudo do Instagram e do WhatsApp, a ideia foi ficando mais consistente, o grupo foi-se alargando e a adesão à greve mundial pelo clima ganhou forma. O núcleo duro conta agora com cerca de 40 estudantes de vários níveis de ensino, do básico ao universitário, espalhados pelo país.
Inspiram-se na adolescente sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que iniciou a primeira greve escolar numa sexta-feira de finais de agosto, sozinha em frente ao Parlamento sueco. “Há quem diga que devia estar na escola: mas porque hei de preparar-me para um futuro que pode não existir?”, questionou Greta durante uma palestra na TEDx em Estocolmo, em novembro. No mês seguinte, discursava na Cimeira do Clima da ONU, na Polónia, acusando os líderes mundiais de não serem “suficientemente maduros para encarar os factos e deixarem o peso das alterações climáticas para as crianças”.
Em janeiro último, no Fórum Económico Mundial de Davos, atirou: “Eu não quero que sejam esperançosos, quero que entrem em pânico. Quero que sintam o medo que eu sinto todos os dias e depois quero que ajam”. A mensagem de Greta — há dois dias nomeada candidata ao Prémio Nobel da Paz — repete-se nas suas intervenções e contagia outros jovens: “Vocês estão a roubar-nos o futuro!”.
Têm a consciência de que ou se intensificam as ações climáticas face às evidências inequívocas de que o aquecimento global não deve ir além de 1,5ºC acima das temperaturas verificadas na era pré-Industrial ou será difícil viver neste planeta no final do século ou mesmo antes disso. À taxa atual de aquecimento global, os termómetros deverão subir 1,5°C entre 2030 e 2052, ou seja, já nos meados do século XXI, alertaram os cientistas no relatório especial do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC/ONU), divulgado em outubro passado.
Por cá, estudantes de várias cidades - Porto, Lisboa, Braga, Viana do Castelo, Chaves, Barcelos, Évora, Arouca, Ponte de Lima, Portalegre, Santarém, Setúbal, Coimbra, Covilhã, Ourém, Fornos de Algodres, Leiria, Tomar, Faro, Aveiro, Funchal, Ponta Delgada, Bragança, Reguengo de Monsaraz, Covilhã - e localidades nas ilhas dos Açores e da Madeira, entre outras, já confirmaram que estarão nas ruas esta sexta-feira, tendo a organização comunicado as manifestações às respetivas autoridades locais. Contam com a participação de outros jovens ligados a associações estudantis ou a núcleos escolares de ambiente ou de direitos humanos, mas também com a adesão de pais, professores, associações ambientalistas ou grupos partidários.
Por todo o lado têm surgido oficinas para fazer cartazes e atrair mais jovens para esta causa. “Admito que tenho sido um colega um pouco chato”, diz Duarte Antão, de 18 anos, estudante de Direito em Coimbra e um dos membros do comité organizador. Duarte conta que têm sido contactados pelas mais variadas associações e “até por um jardim de infância no Porto, que quer levar 30 crianças à manifestação”. “Há muito por fazer e segundo os cientistas temos 12 anos para agir, senão será demasiado tarde”, sublinha o jovem estudante de Coimbra, cuja família vive em Padrões, concelho de Pampilhosa da Serra, área fortemente atingida pelos incêndios de 2017.
“Os jovens portugueses acordaram”
“O movimento é descentralizado e incentiva o empoderamento e o ativismo jovem. Queremos chamar a atenção para a urgência na ação”, sublinha Carolina Silva, de 18 anos, estudante de Psicologia em Coimbra. Ao seu lado Matilde Alvim, Rita Vasconcelos, Margarida Marques, Beatriz Barroso e Duarte Antão acenam em confirmação. “Esta greve é só o começo”, sublinham numa declaração conjunta.“Os jovens portugueses acordaram.”
Os seis jovens fazem parte do núcleo duro da organização desta greve estudantil e falam com os jornalistas à saída de uma “reunião acesa”, nas palavras do secretário de Estado da Energia, João Galamba, que teve lugar esta terça-feira no Ministério do Ambiente.
Para o encontro com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e com os secretários de Estado da Educação e da Energia, João Costa e João Galamba, prepararam um caderno de reivindicações. Nele chamam a atenção para a “urgência da ação”, na qual incluem a aposta nas energias renováveis (sobretudo na solar), o fecho das centrais termoelétricas de Sines e do Pego e o fim da exploração de combustíveis fósseis em Portugal.
Durante cerca de hora e meia, o ministro do Ambiente pregou-lhes o “ambicioso compromisso de Portugal” plasmado no “Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050”, que esteve em consulta pública e está por aprovar. O plano governamental prevê a redução em 55% das emissões de gases de efeito de estufa, como o CO2 até 2030, e em 85% até 2050 e estima que em meados do século as emissões que subsistirem serão compensadas pela floresta que as irá absorver.
Porém, para estes jovens falar em “metas para 2050 é incongruente com a urgência” e defendem que “cabe ao Governo priorizar essa urgência”.
Matilde, Carolina, Duarte, Beatriz, Rita e Margarida não querem cometer erros de oratória a quente e optam por uma declaração conjunta em que reconhecem que as medidas políticas anunciadas pelo Governo português “podem ser um primeiro passo” mas não chega para impedi-los de ir para a rua “lutar pela mudança de paradigma e pela consciencialização coletiva ambiental perante um grave problema global que já assola milhões de pessoas e não pára de aumentar”.
Lembram que o degelo dos polos se agudiza, que a subida do nível do mar é cada vez mais crescente e que os fenómenos climáticos extremos se fazem sentir cada vez mais frequentemente. E perante a realidade, afirmam convictos: “Continuamos decididos, empenhados e atentos e a lutar por ter um ambiente sadio onde possamos ter um futuro”.
“A mais justa das causas”, diz ministro do Ambiente
O ministro Matos Fernandes reconhece que estas manifestações “são pela mais justa das causas” e vê a existência de cidadãos mais exigentes como “um ótimo incentivo à política climática do Governo”, que diz ser “das mais ambiciosas”.
Sem conhecimento oficial sobre quantas escolas estão envolvidas na greve estudantil desta sexta-feira, o secretário de Estado da Educação, João Costa, manifesta o seu apoio à iniciativa e desafia os jovens portugueses a que, além da greve, “manifestem em cada dia estas preocupações e consigam aliar a responsabilidade governativa a uma responsabilidade individual”.
“Nós, os jovens, começámos a mexer-nos. Nós vamos mudar o destino da humanidade, quer goste ou não. Unidos vamos elevar a nossa voz até vermos concretizada uma justiça climática. Exigimos que quem toma as decisões do mundo assuma a responsabilidade e resolva a crise climática”, declaram os organizadores da greve. Esta sexta-feira dão um primeiro grande passo mas não querem ficar por aí.
Mostram-se atentos e rebeldes por uma boa causa.
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